29.10.08
Então e eu, sou invisível?
Havia dias de pular de alegria, de cantar e rir sem aparente razão. Dias alegres, transbordantes e plenos como as tardes longas de Verão. Havia dias insuportavelmente tristes, de questionar simplesmente a razão das coisas. Dias infinitos e frios.
Ela tinha o de ténis, que era meigo e querido e atencioso. Mas ela queria o de fato, que era frio, arrogante, e para quem a sua existência permanecia absolutamente invisível.
"Abre os olhos.", eu disse-lhe."Estão abertos.", respondeu.
Mas continuava insistindo em perpetuar esse desencontro de perseguir sempre o inantigível, o inalcançável, para depois chegar lá e descobrir uma imensidão de vazio, um inesgotável nada que não tem para lhe dar.
"Queremos sempre o que não temos...", disse-lhe eu a medo. "Sempre. E isso é incontornável.", disse-me ela com uma convicção inabalável.
Remeto me ao silêncio. Respiro. Suspiro. E respiro outra vez. Rasgo um gesto mudo. Esboço um desenho impreciso de vontade e desalento. Rendo-me por fim á minha invisibilidade. Pelo menos é minha...
(Se havia coisa na qual eras sem dúvida incomparável, era na tua indiscutível inclinação para as palavras que não diziam nada)
24.10.08
21.10.08
Opinião de um homem sobre o corpo feminino, por Paulo Coelho
"Não importa o quanto pesa. É fascinante tocar, abraçar e acariciar o corpo de uma mulher. Saber seu peso não nos proporciona nenhuma emoção.
Não temos a menor idéia de qual seja seu manequim. Nossa avaliação é visual, isso quer dizer, se tem forma de guitarra... está bem. Não nos importa quanto medem em centímetros - é uma questão de proporções, não de medidas.
As proporções ideais do corpo de uma mulher são: curvilíneas, cheinhas, femininas... . Essa classe de corpo que, sem dúvida, se nota numa fração de segundo. As magrinhas que desfilam nas passarelas, seguem a tendência desenhada por estilistas que, diga-se de passagem, são todos gays e odeiam as mulheres e com elas competem. Suas modas são retas e sem formas e agridem o corpo que eles odeiam porque não podem tê-los.
Não há beleza mais irresistível na mulher do que a feminilidade e a doçura. A elegância e o bom trato, são equivalentes a mil viagras.
A maquiagem foi inventada para que as mulheres a usem. Usem! Para andar de cara lavada, basta a nossa. Os cabelos, quanto mais tratados, melhor.
As saias foram inventadas para mostrar suas magníficas pernas... Porque razão as cobrem com calças longas? Para que as confundam conosco? Uma onda é uma onda, as cadeiras são cadeiras e pronto. Se a natureza lhes deu estas formas curvilíneas, foi por alguma razão e eu reitero: nós gostamos assim. Ocultar essas formas, é como ter o melhor sofá embalado no sótão.
É essa a lei da natureza... que todo aquele que se casa com uma modelo magra, anoréxica, bulêmica e nervosa logo procura uma amante cheinha, simpática, tranqüila e cheia de saúde.
Entendam de uma vez! Tratem de agradar a nós e não a vocês. porque, nunca terão uma referência objetiva, do quanto são lindas, dita por uma mulher. Nenhuma mulher vai reconhecer jamais, diante de um homem, com sinceridade, que outra mulher é linda.
As jovens são lindas... mas as de 40 para cima, são verdadeiros pratos fortes. Por tantas delas somos capazes de atravessar o atlântico a nado. O corpo muda... cresce. Não podem pensar, sem ficarem psicóticas que podem entrar no mesmo vestido que usavam aos 18. Entretanto uma mulher de 45, na qual entre na roupa que usou aos 18 anos, ou tem problemas de desenvolvimento ou está se auto-destruindo.
Nós gostamos das mulheres que sabem conduzir sua vida com equilíbrio e sabem controlar sua natural tendência a culpas. Ou seja, aquela que quando tem que comer, come com vontade (a dieta virá em setembro, não antes; quando tem que fazer dieta, faz dieta com vontade (sem sabotagem e sem sofrer); quando tem que ter intimidade com o parceiro, tem com vontade; quando tem que comprar algo que goste, compra; quando tem que economizar, economiza.
Algumas linhas no rosto, algumas cicatrizes no ventre, algumas marcas de estrias não lhes tira a beleza. São feridas de guerra, testemunhas de que fizeram algo em suas vidas, não tiveram anos 'em formol' nem em spa... viveram! O corpo da mulher é a prova de que Deus existe. É o sagrado recinto da gestação de todos os homens, onde foram alimentados, ninados e nós, sem querer, as enchemos de estrias, de cesárias e demais coisas que tiveram que acontecer para estarmos vivos.
Cuidem-no! Cuidem-se! Amem-se!
A beleza é tudo isto."
20.10.08
Onde estás tu David Crockett?
"O que o acordou foi o silêncio. Primeiro, o do despertador que não tocou à hora combinada todas as manhãs. Depois, o de outra respiração, que devia ouvir e não ouvia. Estendeu a mão para o quente do outro lado da cama e encontrou o frio. Apalpou e encontrou o vazio. Então, sim, despertou completamente.
Um prenúncio de tragédia desceu por ele abaixo, como um arrepio. (...)"
"Escrevi o teu nome e o teu número de telefone numa página do mês de Fevereiro. E, ao escrevê-lo, sabia que era uma despedida, mas todo o mês de Março nos arrastámos na despedida, como carangueijos na maré vazia. Sem ti, lancei outras raízes, construí pátios e terraços, fontes cujo som deveria apagar todos os silêncios, plantei um pomar com cheiro a damasco, mandei fazer um banco de cal à roda de uma árvore para olhar as estrelas no céu, um caminho no meio do olival por onde o luar pousaria à noite, abóbadas de tijolo imaginadas pelo mais sábio dos arquitectos e até teias de aranha suspensas do tecto, como se vigiassem a passagem do tempo. Nada disso tu viste, nada te contei, nada é teu.(...)"
"Estou sempre a falar contigo, mas tu não me ouves. Eu, porém, oiço-te sem que tu fales e quando falas, adivinho o contrário do que dizes. Vejo-te à deriva e perdido e não te posso ajudar, porque tenho de me ajudar a mim. Tu não entendes, eu sei. Vives um conflito entre a tua força vital - que não te roubei, nem poderia - e a tua vontade de te deixares afundar, de te fechares no escuro da tua casa a maldizeres-me, interminavelmente. Tu e não eu, se encarregará da tarefa de destruir tudo o que vivemos, de acordo com a lei do excesso que é a única que compreendes: tudo ou nada, verdade ou mentira, amor ou ódio.
Tu odiar-me-ás e eu nada poderei fazer, senão sofrer o teu ódio em silêncio, sofê-lo na carne, como açoites, dilacerando o meu corpo que foi teu tantas vezes, como nunca foi de mais ninguém.(...)"
in "Não te deixarei morrer, David Crockett", Miguel Sousa Tavares
19.10.08
Antes que acabe o dia...
1913
Nasce, em meio a forte temporal, na madrugada de 19 de outubro , no antigo nº 114 (casa já demolida) da rua Lopes Quintas, na Gávea, ao lado da chácara de seu avô materno, Antônio Burlamaqui dos Santos Cruz. São seus pais d. Lydia Cruz de Moraes e Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, este, sobrinho do poeta, cronista e folclorista Mello Moraes Filho e neto do historiador Alexandre José de Mello Moraes.
Vinicius de Moraes - poeta, cantor, compositor, homem, marido, amante...
(1903-1980)
17.10.08
Rir...é o melhor remédio!!!
Caríssimos, estou de volta a esta rúbrica, pois calculo que já devem estar cheios de saudades e com muita vontade de rir... aqui fica este tesourinho (ou a história de uma destemida).
O elogio moderno...
Uma dessas sexta-feiras, há um tempo atrás, estando um grande amigo de visita á cidade, decidimos ir beber um copo e acabámos por entrar numa discoteca.
Já dentro da dita discoteca, cujo ambiente estava não apenas suportável mas até agradável, eis que surge um personagem, por sinal até bem parecido, que se proxima do meu ouvido e me segreda: "Dava-te uma pisadela a dançar...".
Ora eu, perplexa com tamanha eloquência apenas consegui proferir "Perdão?", ao que o tal personagem teve a audácia de repetir:"Dava-te uma pisadela a dançar que nem imaginas...".
E agora eu questiono: qual é a parte desta construção frásica que se parece com um elogio?
Onde é que vão estes personagens buscar extraordinária inspiração?
Qual é a mulher, e até mesmo a rapariga, que se deixa cativar, conquistar por tais palavras?
O que é que aconteceu ao encanto das palavras, ao prazer da conquista?
Para onde é que voou a terna e antiga sedução???
Se alguém souber, por favor avise-me, eu junto uns trocos e apanho o primeiro voo.
16.10.08
15.10.08
ai que eu sou tão desgraçadinha...
Concurso das desgraçadinhas:
-Ai que eu sou tão desgraçadinha! Ganhei um kilo o mês passado e ainda não consegui perdê-lo!
- Isso perde-se num instante!
-Perde lá agora!
-Ah pois. Agora eu é que estou mal que estou gorda dos braços!
-Gorda dos braços?!?! Nunca ouvi tal coisa!
- Dizes isso porque és magra!
-Magra? Já te disse que ganhei um kilo o mês passado?
-Já já. Só te queixas porque não sabes o que é estar flácida nas coxas!
-Cala-te! Não imaginas é que me anda a aparecer celulite na barriga... Já para não falar do kilo!
-Se tivesses as unhas dos pés encravadas já não te queixavas.
-Pois pois, mas tu ainda tens peito, agora eu...
-Nem me fales disso que eu fico pior que estragada! Agora ando a ficar com o peito descaído...
-Não parece nada...
-Isso é por causa dos sutiãs que fazem milagres!
-Pois olha, a vestir o 32 como eu nem os sutiãs me valem!
-Enfim, pelo menos não tens estrias...
-Pois mas tenho celulite na barriga!
-E eu tenho nas pernas!
-Pois mas eu é que ainda estou pior que apareceu-me ontem uma borbulha na testa.
-E eu com as coxas todas flácidas? É terrível, terrível!
-Tou desgraçada da vida! Assim ninguém me quer...
-E a mim? Pareço uma baleia e ainda por cima com peito descaído!
-Oh, mas tu não tens borbulhas na testa!
-E tu és uma sortuda que não tens os braços gordos!
-É terrível, terrível...
-Terrível não, trágico! Ai ai, eu sou tão desgraçadinha...
(...)
Mas afinal quem é que é mais desgraçadinha?
(para todas as desgraçadinhas do mundo)
14.10.08
13.10.08
12.10.08
PARABÉNS
25 IDEIAS
25 MOMENTOS
25 EMOÇÕES
25 ABRAÇOS
25 BEIJOS
25 DANÇAS
25 MELODIAS
25 SORRISOS
25 ESPERANÇAS
25 LEMBRANÇAS
25 PAISAGENS
25 IMAGENS
25 NOVIDADES
25 SAUDADES
25 MIMOS
25 BRINCADEIRAS
25 VIAGENS
25 GARGALHADAS
25 OLHARES
25 IMPULSOS
25 EXPERIÊNCIAS
25 LOUCURAS
25 EXPECTATIVAS
25 DESEJOS
25 ANOS DE VIDA E UMA PESSOA MUITO QUERIDA!
UM GRANDE BEIJINHO E AS MAIORES FELICIDADES:
que a vida te traga tudo isto e muito mais!
(para M., ou a "minha" latinita)
10.10.08
Sem malicía
Sem malícia, sem maldade, mas ás vezes dá vontade...
(para aquele que ouve e não fala, para aquele que olha e não vê)
(intimamente para N.)
9.10.08
Contos de(s)amor e desencontro [10]
Improvável
Á medida que o tempo passava
Dava voltas e mais voltas
Tentando construir uma hipotética teoria para tudo o que tinha acontecido
O que estava a acontecer.
Mas, por mais que o tempo passasse
Ainda mais se embrulhava na dúvida e na interrogação.
Apesar de tudo
E o “tudo” era sentir-se por vezes no limiar da loucura
Investia no sentido de vislumbrar uma interpretação, no mínimo, plausível
Mesmo com a certeza de ser plenamente improvável
A dada altura iria esquecer-se
Ou talvez que não esquecesse completamente
Simplesmente já não iria lembra-se
A dada altura já não queria mais saber
Por tanto sentir que toda e qualquer interpretação
Seria por demais insatisfatória
Incompleta
Infrutífera.
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