27.11.06
Ainda a poesia...
Em todas as ruas te encontro
"Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco"
Mário Cesariny
Rubrica de Poesia
LEMBRA TE"Lembra-te que todos os momentos que nos coroaram todas as estradas radiosas que abrimos irão achando sem fim seu ansioso lugar seu botão de florir o horizonte e que dessa procura extenuante e precisa não teremos sinal senão o de saber que irá por onde fomos um para o outro vividos" Mário Cesariny, pintor, poeta, homem
22.11.06
Frase do dia
"O maior erro que um homem pode cometer é viver com medo de cometer um erro."
(Hebbard)
21.11.06
Sobre a memória coletiva...
Para Carl Jung, médico e psiquiatra contemporâneo de Freud, "existe um inconsciente colectivo, o qual contém a imensa herança psíquica da evolução humana, que renasce na estrutura de cada indivíduo, um "conhecimento" ou "sabedoria" comum a toda a humanidade. "
Frase do dia
"Sofremos muito com o pouco que nos falta e gozamos pouco o muito que temos."
(William Shakespeare)
Há dias para tudo...
Pois é, estava eu tranquilamente a ver o telejornal da uma, quando surgiu uma notícia que merece um comentário, por fugaz que seja...
Dia da mãe, do pai, da criança, dos namorados, da árvore, do ambiente, do não fumador... pelos vistos existe mesmo um dia para festejar quase tudo...
Hoje, acabei de saber, comemora-se o dia da televisão, essa caixinha preta que mudou as nossas vidas há umas décadas atrás... e ao que parece, há quem já não consiga viver sem ela...
Será a televisão um mero entretenimento, se para muitos é já a insubstituível companhia de tantas horas de solidão?
20.11.06
Frase do dia
19.11.06
Um mundo sem memória... ou "Os sonhos de Einstein"
"Um olhar de relance pelas baiucas apinhadas de Spitalgasse é quanto basta. Os fregueses passam hesitantes de uma loja para a outra, tentando descobrir o que se vende em cada uma. Aqui, tabaco; mas, e as sementes de mostarda? Ali, beterraba; mas onde é o bacalhau? Acolá, leite de cabra; mas onde é o sassafrás? Não, não se trata de turistas na sua primeira visita a Berna. Trata-se dos habitantes de Berna. Não há um que se consiga lembrar de ter comprado chocolate ainda há dois dias numa loja chamada Ferdinand, no número 17, ou carne na charcutaria Hof, no número 36. Cada estabelecimento, bem como a sua especialidade, têm de ser descobertos de cada vez. Muitos andam com mapas, seguindo o percurso desejado de arcada em arcada, na cidade onde viveram toda a vida, na rua por onde passam há muitos anos. Outros andam com caderninhos, para neles registarem o que aprenderam durante os breves instantes em que ainda o conseguem recordar. É que neste mundo as pessoas não têm memória.
Quando está na hora de ir para casa, ao fim do dia, cada um consulta o seu livro de moradas, para saber onde mora.
(...)
Ao chegar a casa, cada homem encontra uma mulher e umas crianças que esperam por ele à porta, apresenta-se, ajuda a fazer o jantar, lê histórias aos filhos. Do mesmo modo, cada mulher que chega do emprego encontra um marido, filhos, sofás, candeeiros, papel de parede, loiças. Depois do jantar, mulher e marido não se deixam ficar sentados à mesa a conversar sobre o dia que tiveram, a escola dos filhos, a conta bancária. Em vez disso, sorriem um para o outro, sentindo o sangue a ferver e a mesma dor entre as pernas de quando, há quinze anos, se encontraram pela primeira vez. Procuram o quarto, avançam cambaleantes por entre fotografias de familiares que não reconhecem e vivem uma noite de volúpia. É que são só o hábito e a memória que esfriam as paixões da carne. Sem memória, cada noite é a primeira noite, cada manhã a primeira manhã, cada beijo, cada carícia, os primeiros. Um mundo sem memória é um mundo do presente.
O passado só existe nos livros, nos documentos. Para se conhecerem a si próprias, as pessoas trazem consigo o Livro da Vida, onde está anotada a história das suas vidas. Lendo diariamente as suas páginas, conseguem relembrar a identidade dos pais, saber se nasceram num estrato alto ou baixo, se foram bons ou maus alunos, se têm ou não uma vida de sucesso. Sem o Livro da Vida, as pessoas não passam de fotografias instantâneas, imagens bidimensionais, fantasmas. Nas frondosas esplanadas de Brunngasshalde, pode ouvir-se os gritos angustiados de um homem que acabou mesmo agora de ler que um dia matou outro homem, os suspiros de uma mulher que acabou de descobrir que foi cortejada por um príncipe, uma outra que não cabe em si de contente por ter descoberto de repente que se formou há dez anos na Universidade com nota máxima. Alguns passam as horas do crepúsculo sentados à mesa a lerem os seu Livros da Vida; outros preenchem freneticamente mais algumas páginas com os acontecimentos do dia.
À medida que o tempo passa, o Livro da Vida de cada pessoa vai-se tornando cada vez maior, até já não poder ser lido na totalidade. E então há que escolher. Os homens e as mulheres mais velhos são capazes de ler as primeiras páginas, para se conhecerem na juventude; ou, então, lêem a parte final, para se conhecerem nos últimos anos.
Também há os que pura e simplesmente deixaram de ler. São os que abandonaram o passado, os que decidiram que pouco lhes importa se ontem eram ricos ou pobres, cultos ou ignorantes, orgulhosos ou humildes, apaixonados ou de corações vazios - tal como pouco lhes importa saber como é que a brisa sopra por entre os seus cabelos. São pessoas que nos olham directamente nos olhos e têm firme o aperto de mão. São pessoas que caminham com a agilidade da juventude. Que aprenderam a viver num mundo sem memória."
(in "Os sonhos de Einstein", Alan Lightman)
...tentando definir... MEMÓRIA
A memória é a capacidade de reter, recuperar, armazenar e evocar informações disponíveis, seja internamente, no cérebro (memória humana), seja externamente, em dispositivos artificiais (memória artificial).
A memória humana focaliza coisas específicas, requer grande quantidade de energia mental e deteriora-se com a idade. É um processo que conecta pedaços de memória e conhecimentos a fim de gerar novas idéias, ajudando a tomar decisões diárias.
Os psicólogos e neurologistas distinguem memória declarativa de memória não-declarativa (ou memória procedural). A grosso modo, a memória declarativa armazena o saber que algo se deu, e a memória não-declarativa o como isto se deu.
De maneira geral, filósofos, psicólogos, sociólogos e antropólogos tendem a ocupar-se da memória declarativa, enquanto neurobiólogos tendem a se ocupar da memória procedural.
Psicólogos distinguem dois tipos de memória declarativa, a memória episódica e a memória semântica. São instâncias da memória episódica as lembranças de acontecimentos específicos. São instântias da memória semântica as lembranças de aspectos gerais.
Memória, segundo diversos estudiosos, é a base do conhecimento. Como tal, deve ser trabalhada e estimulada. É através dela que damos significado ao cotidiano e acumulamos experiências para utilizar durante a vida.
(in Wikipédia)
Questão da semana : Memória Colectiva - tentativa de definição...por partes!
memória
do Lat. memoria
s. f.,
faculdade de conservar e reproduzir as ideias, imagens ou conhecimentos anteriormente adquiridos;
a lembrança de qualquer coisa ou alguém;
reminiscência;
aptidão para recordar especialmente certas coisas;
reputação;
fama;
nomeada;
monumento comemorativo de pessoa célebre ou de sucesso notável;
exposição sumária;
{memorandum}memorandum¸í;
nota diplomática;
apontamento para lembrança;
requerimento ou nota explicativa em que se recorda a petição ou pretensão primitiva;
memorial;
dissertação sobre assunto científico ou literário apresentada em congresso, reunião, etc. ;
Psic.,
conjunto de funções psíquicas pelas quais temos consciência do passado como tal, que inclui a fixação, a conservação, a lembrança e o reconhecimento dos acontecimentos;
Inform.,
parte de um sistema informático na qual as informações são introduzidas e conservadas e a partir da qual podem ser posteriormente recuperadas;
o suporte físico destas informações;
Electrón.,
conjunto de dispositivos e circuitos constituindo um sistema equivalente ao anterior, para armazenamento de informação em equipamento áudio e vídeo;
(no pl. ) narrações históricas escritas por testemunhas presenciais;
(no pl. ) escritos em que um autor narra factos mais ou menos ligados à sua pessoa ou à sua época.
- colectiva: conjunto dos elementos culturais, sociais e históricos que constituem as referências colectivas de um povo;
- de elefante: grande capacidade de memorização;
- de grilo: memória fraca;
- visual: faculdade de reter e lembrar posteriormente pessoas, coisas ou factos vistos;
de -: de cor;
refrescar a -: recordar ou fazer recordar algo caído no esquecimento;
varrer da -: esquecer.
colectivo
do Lat. collectivu
adj.,
que abrange muitas coisas ou pessoas;
que pertence a várias pessoas;
Gram.,
diz-se dos substantivos que, no singular, exprimem um conjunto de seres da mesma espécie.
Questão da semana : Memória Colectiva
Fruto de uma tertúlia interessante, realizada no Penedo da Saudade, de índole pouco profunda mas não tão superficial que não mereça ser comentada, surgiu me um repentino interesse sobre o conceito de memória colectiva...
Afinal de contas, o que é a memória colectiva? De onde surgiu? Que funções desempenha na nossa vida? Que lugar ocupa perante a história da Humanidade?
Antes de abordarmos todas estas dúvidas, e procurarmos com verdadeiro empenho respostas que nos possam esclarecer, achei por bem colocar aqui aquilo que poderia ser uma definição para estas palavras.
Espero conseguir provocar a discussão construtiva para esta temática que a todos toca e a cada um em particular...
Rubrica de poesia
"Não basta abrir a janela
para ver os campos e o rio
não é bastante não ser cego
para ver as árvores e as flores
é preciso também não ter filosofia nenhuma
com filosofia não há árvores: há ideias apenas
há só cada um de nós como uma cave
há só uma janela fechada
e todo o mundo lá fora
e um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse
que nunca é o que se vê quando se abre a janela."
E não, não é Vinicius mas sim Fernando Pessoa!
13.11.06
Já passou...mais um dia
Ontem foi mais um dia que já passou, além disso foi domingo... e pouco mais. Um dia igual a tantos outros, pelo menos igual a outros 24 que já passaram, e a vida segue em frente, continua no seu trilho, percorrendo os dias que passam, iguais a si próprios, iguais a tantos outros...
Ontem, foi mais um dia, foi dia 12 de Novembro, abençoado pelo Sol de S.Martinho, partilhado junto daqueles que sempre estarão aqui, bem perto, pertinho, onde me encontro, onde me refugio, onde sei ser.
Afinal...são vocês que estão de Parabéns...vocês que fazem nascer esta luz dentro de mim, este sorriso no meu rosto, esta alegria no meu coração... Vocês, que me fazem ser quem eu sou, que me constroem dando espaço para eu me construir... OBRIGADA, mãe,pai,mano...
E agora, que mais um dia está prestes a acabar, aqui ficam estas palavras de Vinicius(mais uma vez) e que dedico a vocês:
Tempo feliz
Feliz o tempo que passou, passou
Tempo tão cheio de recordações
Tantas canções ele deixou, deixou
Trazendo paz a tantos corações
Que sons mais lindos tinha pelo ar
Que alegria de viver
Ah, meu amor, que tristeza me dá
Vendo o dia querendo amanhecer
E ninguém cantar
Mas, meu bem
Deixa estar, tempo vai
Tempo vem
E quando um dia esse tempo voltar
Eu nem quero pensar no que vai ser
Até o sol raiar
8.11.06
PORQUE HOJE É UM DIA ESPECIAL
Porque hoje é um dia especial, as nuvens esconderam-se para dar lugar a um sol resplandecente, um sol que brilha num céu azul claro e que sorri cá para baixo, mostrando aos meros mortais como é bom estar aqui e poder contemplar a beleza de tudo isto, que é algo tão mais grandioso que nós, esse universo infindável no qual nós somos apenas mais uma peça... mas ás vezes, uma pessoa e uma só, sendo apenas mais uma peça deste universo, pode abrir-nos o sorriso e agarrar na nossa mão, pode iluminar o nosso caminho e voar connosco bem além das estrelas, para lá desse firmamento infinito e intangível...
Por isso hoje é um dia especial, dedicado a uma pessoa especial...
OBRIGADA POR EXISTIRES E ESTARES SEMPRE PRESENTE NO MEU CAMINHO.
Parabéns maninho...
A propósito de Vinicius...a propósito do amor...
Pois é, Vinicius, sempre com a palavra certa, no momento certo..
Mais do que VIVER, acima de tudo é preciso aprender a viver, algo que só se faz vivendo...
Uma coisa é certa e garantida, é preciso AMAR, AMAR muito e desmedidamente, AMAR como se fosse a única coisa que se pudesse fazer, AMAR como se dependesse disso toda a nossa existência...porque sem AMOR, esta vida não valeria a pena, seria apenas mais uma história sem sentido, escrita num livro qualquer.
Mesmo quando nos magoam, quando sofremos, quando a angústia nos devora a alma, quando nos arde o coração em chamas, é preciso continuar a AMAR...
O maior pecado nesta vida é não AMAR, é este o pior sacrilégio que podemos fazer a nós próprios... Só quem AMA verdadeiramente , só esse VIVE.
Por isso, HÁ QUE AMAR! e claro, pôr neste amor toda a PAIXÃO de um sopro de vida, viver o AMOR de forma APAIXONADA, APAIXONAR-SE pela VIDA, ENTREGAR-SE, RENDER-SE
E aí, nesse sítio longínquo mas não tão distante assim que não se possa aceder-lhe, nesse lugar onde já entregamos o nosso coração na mão de alguém, aí podemos viver, aí podemos ser felizes...
saber a diferença... na origem do sentir
paixão
do Lat. passione, sofrimento
s. f.,
sentimento excessivo;
amor ardente;
afecto violento;
entusiasmo;
cólera;
grande mágoa;
vício dominador;
alucinação;
sofrimento intenso e prolongado;
parcialidade;
o martírio de Cristo ou dos Santos martirizados;
parte do Evangelho em que se narra a Paixão de Cristo;
colorido, expressão viva, em literatura.
amor
do Lat. amore
s. m.,
viva afeição que nos impele para o objecto dos nossos desejos;
inclinação da alma e do coração;
objecto da nossa afeição;
paixão;
afecto;
inclinação exclusiva;
ant.,
graça, mercê.
com -: com muito gosto, com zelo;
fazer -: ter relações sexuais;
loc. prep.,
por - de: por causa de;
por - de Deus: por caridade;
ter - à pele: ser prudente, não arriscar a vida;
- captativo:vd. amor possessivo;
- conjugal: amor pelo qual as pessoas se unem pelas leis do matrimónio;
- oblativo: amor dedicado a outrem;
- platónico: intensa afeição que não inclui sentimentos carnais;
- possessivo: amor que leva a subjugar e monopolizar a pessoa que se ama; o m. q. amor captativo
7.11.06
"Como dizia o poeta"
Quem já passou por esta vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá para quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou
Pra quem sofreu, ai
Quem nunca curtiu uma paixão
Nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa
É melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra quê somar se a gente pode dividir?
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração
Esse não vai ter perdão
Vinicius de Moraes
6.11.06
regresso á escrita...
Depois de mais de um mês de ausência, estou de regresso á escrita, para satisfação e regozijo da enorme quantidade de leitores e fãs...
E antes de poderem deliciar-se com alguns originais, vou apresentar uma rubrica habitual deste blog - " Filme da semana", mas desta vez introduzindo o ""Filme do mês de Outubro":
chama-se "Hotel Ruanda" e é baseado numa história verídica que ocorreu em 1994.
E como para bom entendedor meia palavra basta, fica aqui a sugestão de um filme carregado de emoção, amor e coragem, que nos toca pela forma como apresenta valores fundamentais, e que conta também com belas interpretações e uma banda sonora muito bem conseguida.
A não perder!
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